Que é além do que dela se tira a vida
senão o tudo de quem'inda respira?
Que ser me poderá dar outra ainda
fora do éter da divina ira?
poucas cores, formas, memórias são
o que me firmam os pés. Perguntaria
esperando resposta "Por que não
me disse que você nem existia?"
Agora diz-me, aqui, que fonte
ou rochedo esculpido curvo
me emoldura
pelo fio cintilante áspero
que a segura?
Diz-me, vem,
se criaste um véu
e a ele junto
esconde-me de ti.
E ando só.
Azimute e sol de meio dia e levanto cansado
como cansado ele para mim descerá.
Tenho olhado para cima
com a mesma perplexidade de antes
mas não há nada por detrás de meus olhos
e sigo o céu
quando desce pela manhã desligando estrelas
e lá pelas tristezas da tarde
vai-se de novo elevando estanhado
e trago tesa a maxila.
fecho os punhos como pregando
"dizei ao que sofre: torne a ser humano!"
pois não há humano digno
de minha raiva
ou um deus para perdoá-la
Naufraga-me, alma humana,
Pois nada é depois de ti
nem nada de ti sobrará.
E que venham os dias...
Há sempre um amor
mas disso também sempre preferi não falar
eu, que insulto a deus
e bendigo os homens.
Eu, que insulto os homens
diante de deus.
Eu, que não tiro conclusão alguma
da flor que me detêm ao balançar
e respiro fundo.
(O mundo é plástico, irmãos,
quando se move e dissolve para quem o vê
com alguma devoção.)
Eu, que perdido na minha rua porque numeraram as casas.
Eu, para quem devoção gratidão têm a mesma cor
e sou grato a tudo e de nada devoto.
Eu, que fumo nauseado na fumaça
me prometendo dias melhores.
E apenas tenho sonho...
disse sonho?
Sonho à luz do dia e algo finda
Sonho e cada vez, intenso e claro,
Sua verdade continua ainda
Mas são meros galhos agitados.
..................................
e
Lembro-me agora do que ficou
enquanto a luz cintila no lago
Não temo mas, seja eu quem for,
queria não ser a ter perdido
vontade de crer que pra haver algo
Algo mais precisa ter havido.
Um comentário:
hm.
esse eu ´conheci´ ontem..
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