quarta-feira, 7 de setembro de 2016

O Nauta


A ti disseste "terei coragem de suportar a angústia da calma e não vergar ao império da tempestade". Mas nunca chegou um barco ao cais e ali esperaste como a alma que feita para céu, recebe o fardo da longevidade. E assim morre o nauta, tomando por velas os leçóis e os arreios por timões, e vai longe, alta, a escova na coluna do alpendre, nas linhas e caibros, inspecionadas como se quilha e mastro. Como Artêmis presa em Montes Claros, vestindo as pontes de casca e verdes e vendo cervos por trafegar de carros. E então voa o nauta, o homem que sem o balanço do barco aprende na terra ser chamado a ser pássaro.

a ti disseste "terei coragem
para suportar a angústia da calma,
para não vergar ao império da tempestade"

e cumpriste sem jamais ter o mar.


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