sexta-feira, 23 de maio de 2008

Tulipa

Respeito
quem é triste
sem o saber

Encontra-se caminhando e admite
também triste
que talvez o movimento
não defina o ser

Aceito
em calma e carne quem,
na fala rígida dos ângulos retos de um quarto

ou

na distribuição imparcaótica
das corespétalas pendentes
pelas cercas,

mudo descobre,
se descoberta é,
que tantas formas há de haver deus
equivalentes a deus algum

(e que

o "não haver deus
é um deus também")

e então busca neste deus triste
uma maneira de reconhecer-se ao espelho.


Admiro
quem não se sente grande ao perdoar
por tanta sinceridade há na estupidez e amo

amo amo amo e amo
o que se cala ao perceber
o quanto enfim sucumbe o dito
ante a força imperiosa da linguagem

e mais e tanto e ainda

a quem não se trincaram os dentes
na exegese prematura das feridas

porquanto
segura-me a primeira mas

as outras letras desta flor
não me alcançaram

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